Hegel tinha razão: o que a História nos ensina é que as pessoas nunca aprendem nada com a História.
Vem isto a propósito da possibilidade de Trump voltar a ser eleito presidente dos Estados Unidos da América. E a questão que se coloca é esta: quererão os norte-americanos ter novamente na Casa Branca um descaradíssimo mentiroso compulsivo? Um presidente racista, xenófobo, homofóbico, egocêntrico e desbragadamente antidemocrático? É que ele não mudou nada nestes últimos anos e continua igual a si próprio: arrogante (já repararam que ele tem uns tiques que fazem lembrar Mussolini?), abrutalhado, populista, fanático, boçal, reacionário, isolacionista e manipulador.
Este magnata continua a agir com desmesurada ambição e ignorante desrespeito pela ciência (é criacionista, anti ambientalista e não acredita no aquecimento global), não gosta de imigrantes (ele que é casado com uma eslovena), mostra-se desinteressado pelos factos e é alarve e grosseiro para com as pessoas que lhe fazem frente. Recorre a discursos divisionistas e, despudoradamente, só se preocupa com as sondagens que lhe dizem exclusivamente respeito. Sendo contra a regulamentação da posse de armas, desconhece as palavras humanismo e solidariedade. E, com a maior desfaçatez, vai acusando os órgãos de comunicação social de fake news, ele que é o grande criador de fake news…
Convirá, a propósito, aqui lembrar do muito dinheiro envolvido nas plataformas online. Hoje, gigantescas empresas transnacionais assumiram um papel de relevo no ecossistema informático. E é um tal fartar vilanagem com tanta opinião, tanto site, tanto blogue, tanta Wikipédia, tanto youtuber (lixo tóxico!), tanta desinformação. Qualquer cidadão é um potencial jornalista desconhecendo a observação das fontes e recusando-se a cruzar informações, para já não falar do contraditório. E é tudo massivamente partilhado como se de verdades e realidades absolutas se tratassem. E sem qualquer mecanismo eficiente de regulação. As redes sociais funcionam com leis próprias e de forma supranacional e os Estados continuam com algum pudor em regulamentá-las.
(E pensar que o início deste milénio utopicamente antecipava uma sociedade contemporânea em rede, desmaterializada e ubíqua, participativa e democrática) …
Não tenhamos dúvidas: a desinformação, a má informação e a informação errada criam a verdade da mentira e estão a minar as democracias ocidentais e a criar regimes totalitários. Trump sabe disso e espreita a sua a vez de regressar ao poder… E já se sabe: ontem como hoje, o poder absoluto continua a corromper absolutamente. Só com educação e literacia mediática é que se poderá combater tal desiderato.
Até lá, Trump, pelas suas ideias delirantes, continua a ser um perigo para a América e uma ameaça para o Mundo.
Victor Rui Dores
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