OPINIÃO: ALMARIM SILVA | Ilha Graciosa, traços de um perfil de saúde da comunidade que aqui habita


 



Ilha Graciosa, traços de um perfil de saúde da comunidade que aqui habita.

Outubro Rosa.


Na nossa ilha branca, outubro é rosa também! Com diversas atividades, fomenta-se a consciencialização para a prevenção e diagnóstico precoce do cancro da mama. Eis a nossa Torre de São Francisco iluminada a cor-de-rosa, lembrando-nos continuamente que o cancro da mama é um relevante problema de saúde pública e que carece da nossa melhor atenção.

Segundo dados estatísticos recentes (Globocan, 2024), o cancro da mama é o mais prevalente em Portugal e em todo mundo. Embora não seja dos mais letais, apresenta uma alta incidência e uma alta mortalidade. No contexto nacional, anualmente são detetados cerca de 9.000 novos casos de cancro da mama. Apesar de ser o tipo de cancro com maior número de casos na mulher (1 caso a cada 8 mulheres), cerca de 1 em cada 100 cancros da mama desenvolvem-se no homem.

De acordo com dados publicados pelo Centro Oncológico dos Açores (COA), entre 1997-2016 (20 anos), surgiram na RAA cerca de 44 novos casos por 100.000 habitantes, em média, 111 novos casos de cancro da mama por ano (atualmente, 130 novos casos por ano). No período homólogo, na Graciosa, surgiram cerca de 43 novos casos por 100.000 habitantes, em média, 3 novos casos de cancro da mama por ano. No contexto regional, a Graciosa revelava-se a quinta ilha com menor proporção de novos casos de cancro da mama.

Apesar da importância de se desenvolver esta vigilância epidemiológica, temos de nos mobilizar na promoção do rastreio do cancro da mama. Esta conduta é essencial e permite um diagnostico precoce de episódios, possibilitando por um lado tratamentos menos mutilantes e traumatizantes e, por outro, melhor sobrevida e qualidade de vida da população alvo. O autoexame da mama, o exame clínico da mama e a mamografia são meios fundamentais para um diagnóstico precoce.

Na RAA está implementado o Programa Organizado de Cancro de Mama nos Açores (ROCMA). É uma atividade de medicina preventiva, cientificamente validada, que consiste na realização de uma mamografia de rastreio a cada 2 anos junto das mulheres com idade compreendida entre os 45 e os 74 anos, sem sintomatologia nem patologia prévia da mama. Entre 2020 e 2023, a taxa de participação da população açoriana neste programa oscilou entre os 71% e os 74%. A execução e desenvolvimento recente do ROCMA na Graciosa decorreu em 2021 e em 2023, revelando uma taxa de participação de 75% em ambos os anos. Em números absolutos, em 2023, das 790 mulheres a residir na Graciosa, elegíveis e convocadas para efetuar o rastreio, 590 participaram no mesmo. Apesar de se ter atingido a meta contratualizada em termos de taxa de participação populacional, temos uma margem de melhoria significativa no que diz respeito à nossa adesão a esta nobre atividade de natureza preventiva. Nesta atividade foram identificadas 10 leituras positivas e 2 casos de cancro da mama (mais um caso do que em 2021).

Contamos que em 2025 novas oportunidades surgirão com a chegada das unidades móveis de rastreio à ilha Graciosa. Entretanto, estejamos atentos a possíveis alterações: pequeno nódulo ou espessamento localizado que seja palpável; assimetria, deformação ou rigidez dos contornos da mama; retração da pele, descamação ou crostas e corrimento mamilar. A sua deteção atempada e precoce aumenta, consideravelmente, as hipóteses de cura. Perante qualquer destes sinais, consultemos os nossos profissionais de saúde de referência.

Olhe para elas, olhe por elas... haja saúde!



Almarim Silva 

 


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