OPINIÃO: VICTOR RUI DORES | Santa Cruz Sport Club Centenário (1924-2024)

 



Santa Cruz Sport Club Centenário (1924-2024)

uma monografia apetecível

 



   Com emoção e comoção, acabo de ler o livro Santa Cruz Sport Club Centenário (1924-2024), edição do próprio Clube, com coordenação de Hildeberto José Ribeiro Santos que, por mais anos que viva, será sempre conhecido por “Bertinho”, dentro e fora da Graciosa. Com entusiasmo e dedicação, ele resgata do esquecimento a história do “Santa Cruz”, contemplando factos e figuras que ajudaram a construir e a desenvolver o decano dos clubes graciosenses.

   A referida obra abre com avisado Prefácio de Maria das Mercês da Cunha Albuquerque Coelho que, numa escrita dos afetos, traça um conjunto de memórias retroativas sobre pessoas, vivências e acontecimentos marcantes do Clube.

   Seguem-se as “Memórias do engenheiro Eugénio Manuel Veríssimo de Sousa Medina (1928-2012)” que impulsionou a edição deste livro. Este graciosense traça, com grande sentido de pormenor e minúcia, o historial do Santa Cruz Sport Club desde 1924 até meados de 1953. Para tal, recorreu a um conjunto de documentos (estatutos, atas, regulamentos, ofícios, fotos, etc.), bem como de testemunhos orais, fazendo-se valer de todo um manancial de conhecimentos e informações de que sempre dispôs.

   Dando ao seu escrito contexto histórico e sociopolítico (a ditadura militar saída do 28 de maio de 1926 que à Graciosa trouxe alguns “exilados”; acontecimentos ligados à II Guerra Mundial), Eugénio Medina homenageia os que deram vida ao “Santa Cruz”: sócios fundadores, corpos diretivos, funcionários e colaboradores. Lembra as aquisições das sedes e as obras do Clube, bem como as muitas dificuldades por que este passou, com cisões, quezílias, ressentimentos, demissões e dissidências à mistura... Evoca a formação e constituição das equipas de futebol (os “brancos” e os “pretos”) e lembra os seus praticantes, bem como as excursões da coletividade, num tempo em que os jogadores jogavam à bola de tarde e faziam teatro à noite... E recorda, com mal disfarçada nostalgia, as atividades realizadas na sede do Clube, nomeadamente os grandes bailes, os alegres convívios, os lautos buffets, os animados assaltos, os jogos de bilhar e da canasta…

   Para além do futebol e do teatro, os (jovens) fundadores do “Santa Cruz” também se aventuraram noutras atividades: ténis, croquet, patinagem e naquela que, mais tarde, viria a ser o grande cartaz do clube: o voleibol.

   Profusamente ilustrado com valiosos registos fotográficos do passado e do presente, Santa Cruz Sport Club Centenário (1924-2024) é importante testemunho para memória futura. Aqui se atualiza a história do Clube, sendo preocupação de Hildeberto Santos dar a conhecer as atividades recreativas (os bailes e os desfiles de fantasias) e desportivas (sobretudo o voleibol, modalidade em que o “Santa Cruz” se tem vindo a afirmar). Podemos também apreciar os troféus, as medalhas, as distinções e homenagens que fazem parte do espólio da coletividade.

   Este livro é um ato de generosidade e uma declaração de amor ao Santa Cruz Sport Club, que vai continuar a ser o que sempre foi: um espaço de charme e de socialização.



Horta, 22/10/2024

Victor Rui Dores

(santa-cruzense por laços familiares)









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