Democracia em perigo e em recessão
Há mais de 2.000 anos, Platão exortava as pessoas à participação na política (enquanto POLIS) deixando um sério e severo aviso à navegação nos seguintes termos:
“O CASTIGO POR NÂO QUERERES PARTICIPAR NA POLÍTICA É ACABARES GOVERNADO POR PESSOAS QUE SÃO PIORES DO QUE TU”.
Eis uma frase de gritante atualidade, num tempo de obscurantismos e retrocessos históricos que, dia a dia, fazem perigar a democracia. Como se já não bastassem as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, assistimos agora ao crescimento de partidos populistas e às derivas autoritárias, dentro e fora de portas.
A globalização, a massificação, a destruição do Estado Social nos últimos anos (saúde, educação, segurança social, habitação, transportes, energia, etc.), a desindustrialização, o capitalismo neoliberal, os interesses dos grandes grupos económicos, os lucros das grandes empresas, a desregulação do mercado de trabalho, isto é, “a economia de casino” estão a dar cabo disto tudo.
Depois temos as alterações climáticas. E, um pouco por todo o lado, verificamos que a luta contra as alterações climáticas é inseparável e indissociável da luta contra o sistema económico em que vivemos.
Preocupa-me tanto o imperialismo neo-czarista de Putin, como a ameaça do imperialismo norte-americano de Trump. É certo que os Estados Unidos da América são a potência mais rica do mundo, mas, e porque nem tudo se resuma a economia, é importante que se diga que aquele país tem menos 637 anos de história do que Portugal… À bom entendeur…
Num tempo saturado de comunicação, informação e imagem, há que exigir pensamento crítico dentro e fora das nossas escolas, sendo que o problema da escola é, em grande parte, o problema da família. Na espuma dos dias, assistimos à contínua desvalorização da cultura literária e das Humanidades. Temos aí uma juventude do TikTok e do Instagram que não lê e pensa pouco. E quem não lê e pensa pouco dificilmente terá aquilo que mais importa para uma verdadeira cidadania ativa: pensamento crítico, precisamente.
Obviamente que não há sociedades perfeitas. E quase nunca resultaram os (bondosos) projetos de uma sociedade sem classes. Mas acredito ser possível viver num meio em que todos possam aceder aos mesmos direitos e em que nenhum homem possa explorar outro homem. Utopias? Não necessariamente, e muitas foram as utopias que, ao longo da História, se foram tornando conquistas irreversíveis.
Por isso, há que defender, com determinação e intransigência, a Democracia, a Liberdade e a Justiça Social, ou seja, os valores humanos e sociais.
Victor Rui Dores


Comentários
Enviar um comentário